
Em sessão solene realizada nesta terça-feira (10/6), o Tribunal de Contas da União (TCU) homenageou o ex-presidente da República José Sarney pelos 40 anos da redemocratização do Brasil. A cerimônia ocorreu na sede do tribunal, em Brasília, e reuniu autoridade dos Três Poderes para destacar o papel histórico de Sarney na transição do regime militar (1964-1985) para a Nova República.
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Convocada pelo presidente do TCU, ministro Vital do Rêgo, a sessão fez parte de uma agenda institucional de valorização dos marcos democráticos nacionais. O ex-presidente relembrou os desafios enfrentados na época e alertou para os riscos de retrocessos. “A democracia é uma planta frágil. Precisa ser regada todos os dias com o respeito às instituições, o diálogo e a tolerância”, afirmou Sarney, visivelmente emocionado com a homenagem.
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José Sarney assumiu a Presidência da República em 15 de março de 1985, após a morte de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral. Na condição de vice, conduziu o país no delicado momento de retorno ao regime democrático, tornando-se o primeiro presidente civil após o fim da ditadura.
Durante a cerimônia, Sarney também enfatizou a importância da liberdade como base da democracia. “Foi ela que me coube implantar depois de um regime que sufocara, durante muito tempo, essa própria liberdade”, disse.
Legado e memória
A solenidade foi marcada por discursos emocionados. O ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, exaltou a trajetória de Sarney como símbolo de uma liderança que optou pela conciliação e estabilidade em momentos cruciais. “Sua vida é a prova de que o Brasil pode ser maior do que os seus imes, mais generoso que suas elites, mais plural do que seus dogmas”, afirmou.
Dantas destacou ainda que Sarney representa um modelo de atuação política baseado na escuta, no serviço e na responsabilidade. “Celebrar os 40 anos da redemocratização é invocar a força silenciosa das instituições e dos homens que souberam compreendê-las não como instrumentos de poder, mas como expressão de um destino comum”, completou.
O embaixador do Brasil em Portugal e ministro emérito do TCU, Raimundo Carreiro, foi o responsável pela principal homenagem ao ex-presidente. Para ele, Sarney teve papel decisivo na reconstrução das instituições democráticas e na convocação da Assembleia Nacional Constituinte que culminou na promulgação da Constituição de 1988 — a chamada “Constituição Cidadã”.
Ao final da sessão, foi entregue uma placa ao homenageado, com os dizeres: “Por ocasião dos 40 anos da redemocratização, o Tribunal de Contas da União homenageia o eterno presidente da República José Sarney, que comandou a transição democrática do Estado brasileiro. Sua gestão garantiu a manutenção da estabilidade política, o que permitiu a convocação da Assembleia Nacional Constituinte com a consequente promulgação da Constituição Cidadã de 1988 e a realização das primeiras eleições diretas da Nova República.”
Ao Correio, Sarney já havia declarado que a democracia brasileira foi capaz de superar duas décadas de autoritarismo, com fortalecimento das instituições e conquista do voto direto. “Liberdade em todos os cantos, e o povo brasileiro escolhendo os seus sucessores com a alternância no poder”, destacou.
Para o ministro Vital do Rêgo, homenagear Sarney é também reforçar o compromisso das instituições com a vigilância democrática. “Cada um dos senhores que está aqui hoje tem uma história com José Sarney. Ele nos ensinou que autoridade se constrói com diálogo, com elegância, com o abraço e com o beijo amigo”, disse.