
Morreu neste sábado (14/6), aos 95 anos, a ex-presidente da Nicarágua Violeta Barrios de Chamorro. Comandante do país entre 1990 e 1997, ela foi a primeira mulher a ser eleita chefe de Estado nos continentes americanos. De acordo com comunicado divulgado pela família, a morte da antiga representante é decorrente de complicações do Alzheimer e de embolia cerebral sofrida por ela em 2018.
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“Dona Violeta faleceu em paz, cercada pelo carinho e pelo amor de seus filhos e das pessoas que lhe ofereceram um cuidado extraordinário”, dizem familiares, conforme replica a agência de notícias -Presse.
Barrios de Chamorro morreu em San José, na Costa Rica, onde vive desde 2023 devido ao exílio dos quatro filhos dela pelo atual governo nicaraguense do presidente Daniel Ortega. Segundo o comunicado, “os restos dela descansarão temporariamente” na capital costa-riquenha “até que a Nicarágua volte a ser uma República, e seu legado patriótico possa ser honrado em um país livre e democrático”.
De volta ao poder desde 2007 após comandar o país da América Central por cinco anos antes de Violeta, de 1985 a 1990, Ortega é considerado por críticos, governos e organismos internacionais um autocrata que teria acabado com liberdades conquistadas pela governante. Em 1990, Barrios de Chamorro, então com 60 anos, concorreu por uma coalizão de 14 partidos que o derrotou, embora ele buscasse permanecer no poder.
De acordo com a AFP, ela reconciliou um país dividido e falido após décadas de guerra. Entre outras medidas, aboliu o serviço militar obrigatório, concluiu o desarmamento da guerrilha e fortaleceu a institucionalidade e a liberdade de imprensa. Pelo Centro Nicaraguense de Assistência Legal Interamericano, que atua no exílio, Chamorro foi descrita como “uma das figuras mais importantes da história recente da Nicarágua”.
Comunicado do atual chefe de Estado deste sábado presta condolências à ex-presidente. “Descanse em paz, Dona Violeta”, diz a nota. “Sua figura representou uma contribuição para a paz necessária em nosso país.” Não houve, até o momento, declaração de homenagens, como luto oficial.
Além de Ortega, líderes da Costa Rica e de outros países americanos, bem como personalidades nicaraguenses, relembraram Chamorro como cidadã corajosa, honesta e dedicada no serviço à população da Nicarágua. “Grande dama, lutadora e democrata”, descreveu o presidente do Panamá, José Raúl Mulino.
A ex-comandante guerrilheira nicaraguense Dora María Téllez, também exilada na Espanha após ter sido presa e expulsa pelo governo de Ortega, reforçou que ela “faleceu em San José, forçada pela perseguição a seus filhos e filhas”.
“Dona Violeta nos lembra que nenhum exílio é eterno e que mesmo as ditaduras mais sanguinárias têm prazo de validade”, complementou o ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA).
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